quinta-feira, outubro 19, 2017

A eleição de Trump e a "pós verdade"

Quando Trump se elegeu comentei aqui no blog que era um problemas dos americanos e de suas estranhas regras eleitorais. Hoje reconheço, suas atitudes como presidente da mais poderosa nação não deixam mais dúvidas: a eleição de Trump é uma preocupação de todos. 

O jornalista e pesquisador visitante da Queen Mary University, em Londres, Mathew D'Ancona, autor do livro "Post - Truth", procura nos mostrar o poder do Facebook e do YouTube nos dois resultados eleitorais mais instigantes dessa década: o referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia e a eleição de Trump. 

No seu entendimento, a politica se enfraquece com o surgimento do que ele chama "a força dominante do mundo": a tecnologia. Seu livro aborda a era dessa novidade - a pós verdade. E foi justamente em 2016, com a eleição de Trump e com o "brexit" que a pós verdade ganhou escala global. 

"Não acho que os eleitores americanos se surpreenderam com o fato de Trump ter uma relação tênue com a verdade. Tanto no brexit quanto na eleição de Trump, tivemos a ressonância emocional como fator decisivo, em vez de fatos", comenta Mathew. E adianta, "o que houve é que a verdade relativizada e enfraquecida está acontecendo nas democracias. E não é o governo que está fazendo é a tecnologia". 

O pós resultado eleitoral tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos, se tornaram dois grandes problemas. O lado emocional passou e as incertezas afloram. Trump rompe com o Acordo de Paris, com o tratado do Irã, com o Obamacare, com a energia limpa e com o desenvolvimento de carros elétricos em grande escala. Continua insistindo com o  muro que separa os EUA do México e em dificultar a vida dos imigrantes. Para um primeiro ano de governo, uma pauta suicida.

Como um país que sofre todos os anos as consequências diretas do clima,  com furacões e devastadores incêndios, se afasta do Acordo de Paris? Como um país cuja  história de sua formação e consolidação como nação sempre esteve ligada a forte presença dos imigrantes, se compromete com a construção de um muro fechando sua fronteira com o México e toma medidas cada vez mais restritivas a presença de imigrantes?

As perguntas são pertinentes, só que agora Trmp é o presidente. O lado emocional da campanha passou e a realidade é outra. Trump vem sofrendo desgastes e as apurações em curso podem leva-lo ao impeachment.  Os motivos são bem mais graves que "as pedaladas" de Dilma: rackers russos teriam invadido as redes sociais com mensagens desabonadoras a rival de Trump, a democrata Hillary Clinton.  Como diria Mathew: é a tecnologia e suas armadilhas entrando nas nossas vidas.

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