segunda-feira, outubro 16, 2017

Educação: o quanto regredimos

Logo depois de criada a Organização das Nações Unidas, não foi por acaso que criaram a UNESCO. O braço da ONU ligado a educação, cultura e ciência. A ideia na época, imagino eu, era de não descolar o crescimento econômico de uma base humanitária. Ao longo dos anos, o que se viu foi a força da economia mover o mundo. No entanto, países que acompanharam as preocupações da UNESCO são justamente os que lideram o ranking dos melhores lugares para se viver.

Ao longo desse período pós Segunda Guerra, o Brasil saiu de um país rural para uma das principais economias do planeta. Só que não tivemos a mesma performance em relação aos compromissos da UNESCO. Os indicadores que valorizam a cidadania e contribuem para a formação de uma sociedade melhor, no nosso caso: são vergonhosos.

Olhando apenas para a educação, já que mensurar cultura e produção científica exige um conhecimento que não tenho, nosso histórico é totalmente incompatível com o PIB que temos. As escolas públicas em geral regrediram. Num passado distante, foram bem melhores (*). As nossas universidades, se não regrediram, também pararam no tempo. Embora o Brasil seja o principal país da América Latina, não há uma única universidade brasileira entre as 100 melhores do mundo.

Um estudo recente e detalhado sobre elas, publicado pela Folha de São Paulo (18/9), pela primeira vez coloca a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) líder no ranking. Logo atrás vem a Unicamp. A USP, que sempre foi considerada a melhor universidade brasileira, aparece em terceiro lugar.

Para quem teve a oportunidade de se especializar em planejamento energético na COPPE, no início dos anos 80, uma boa notícia. No entanto, o próprio estuda que identifica a UFRJ como a melhor das nossas universidades alerta que "a partir desse mês a UFRJ não tem dinheiro para fechar as contas".

Não é jogo de palavras ou força de expressão. A melhor das nossas universidades, sofre com restrições orçamentárias. Segundo o reitor Roberto Leher, "A universidade é antiga (fundada em 1920), precisamos modernizar os prédios e as instalações".  Só que os recursos estão cada vez mais escassos. Em 2017, a UFRJ perdeu em termos reais 17% dos recursos. Obras importantes estão paradas, não tem dinheiro para pagar a luz e tem aula sendo  dada em contêiner. Enfim, essa é a realidade da melhor das nossas universidades.(**)

(*) Ontem foi o Dia do Professor. Embora considerada como uma das mais nobres profissões, todos sabem pelas dificuldades que os professores passam. Por isso quando o Ministro da  Educação fez sua saudação aos homenageados em rede nacional, muitos ficaram sem saber a que país ele se referia. 

(**) Segundo Vinicius Torres, em 2018 a miséria da educação será ainda maior. O orçamento federal para a ciência pode ter um corte de 40%. E a despesa prevista para a educação como um todo não terá destino melhor.

PS- Eu e meus quatro irmãos sempre estudamos em escolas públicas: primário, ginásio, científico e universidade. No interior do Rio Grande do Sul, entre as décadas de 40 e 60. O ensino era de qualidade: todos nós nos formamos. 

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